A viscose é uma fibra têxtil amplamente utilizada na indústria da moda, e entender suas…
Tecidos tecnológicos: como funcionam e como usar no portfólio?
Os tecidos tecnológicos se destacam como um dos principais elementos transformadores do universo da moda.
Com a crescente demanda por produtos que aliam estilo, funcionalidade e sustentabilidade, os tecidos inteligentes surgem como uma solução que atende às expectativas de um mercado cada vez mais exigente.
Neste artigo, você vai entender o que são esses tecidos, como funcionam e como podem ser incorporados nas coleções de moda, oferecendo insights valiosos para estilistas e gestores de empresas do setor. Não perca!
O que são tecidos tecnológicos e como funcionam?
Tecidos tecnológicos são materiais desenvolvidos com a integração de tecnologias avançadas para oferecer propriedades que vão além da estética tradicional. São projetados para aprimorar a funcionalidade das peças de vestuário, proporcionando benefícios, que incluem proteção, conforto, durabilidade e, em alguns casos, até interação com o ambiente ou com o próprio usuário.
A tecnologia empregada pode incluir desde tratamentos químicos que conferem características específicas, como impermeabilidade ou resistência a manchas, até a inclusão de fibras inteligentes capazes de regular a temperatura corporal ou monitorar sinais vitais.
Um exemplo prático é o uso de microencapsulamento em tecidos, em que cápsulas microscópicas contendo fragrâncias ou substâncias hidratantes são incorporadas às fibras, liberando seus conteúdos conforme a peça é usada.
Além disso, alguns tecidos inteligentes são produzidos a partir de materiais reciclados ou biodegradáveis, o que os torna uma opção sustentável para marcas que buscam reduzir seu impacto ambiental.
Exemplos de tecidos tecnológicos
Para ilustrar o potencial dos tecidos do futuro, destacamos alguns exemplos que estão ganhando espaço na indústria da moda:
- Tecido antimicrobiano: desenvolvido para inibir a proliferação de bactérias e microrganismos, esse tipo de tecido é ideal para roupas esportivas e hospitalares, em que a higiene é prioridade.
- Tecido termorregulador: feito com fibras que respondem à temperatura do corpo, ajudando a manter o usuário confortável em diferentes condições climáticas. Esses tecidos são frequentemente utilizados em roupas de performance e outdoor.
- Tecido à prova d’água: popular em roupas de chuva e casacos, esse tipo de tecido impede a penetração de água, mantendo o usuário seco, mesmo em condições adversas.
- Tecido com proteção UV: bloqueia os raios ultravioleta do sol, protegendo a pele dos danos causados pela exposição prolongada. Muito utilizado em roupas de verão e peças para esportes ao ar livre.
- Tecido biodegradável: composto por fibras naturais ou sintéticas que se decompõem de maneira rápida e segura no ambiente, é uma escolha cada vez mais comum entre marcas que priorizam a sustentabilidade.
Como utilizá-los nas coleções de moda?
A incorporação de tecidos e roupas inteligentes no portfólio requer um planejamento cuidadoso para garantir que as peças resultantes atendam às necessidades do público-alvo e estejam alinhadas com a identidade da marca. Aqui estão algumas diretrizes para estilistas e designers!
Conheça seu público
Antes de escolher o tecido, entenda as preferências e as demandas dos consumidores que você deseja alcançar. Tecidos antimicrobianos podem ser ideais para uma linha de roupas esportivas, enquanto tecidos biodegradáveis são mais atraentes para consumidores conscientes em relação ao meio ambiente.
Inove no design
Tecidos tecnológicos oferecem oportunidades únicas para criar peças que se destacam não apenas pela estética, mas também pela funcionalidade. Considere incorporar características diferentes e funcionais, como bolsos ocultos em jaquetas à prova d’água, ou criar camadas removíveis em roupas termorreguladoras.
Teste e ajuste
A tecnologia pode exigir ajustes no processo de design e produção. Teste amostras dos tecidos selecionados para avaliar como eles se comportam em diferentes condições e faça os ajustes necessários antes de finalizar e comercializar as peças.
Conte a história do produto
O valor dos tecidos tecnológicos vai além da funcionalidade. Inclua informações sobre as tecnologias empregadas e seus benefícios em etiquetas, embalagens, comunicações e materiais promocionais, ajudando o consumidor a compreender o valor agregado das peças.
Tendências em tecidos inteligentes
As tendências em tecidos tecnológicos estão moldando o futuro da moda, com inovações que prometem transformar a maneira como as roupas são percebidas e utilizadas. Conheça as principais!
Roupas conectadas
Com a popularidade da Internet das Coisas (IoT), as roupas conectadas estão se tornando uma realidade. Tecidos equipados com sensores podem monitorar a saúde, fornecer dados em tempo real sobre o desempenho físico e até interagir com outros dispositivos inteligentes.
Sustentabilidade avançada
A busca por alternativas sustentáveis está impulsionando o desenvolvimento de novos tecidos biodegradáveis e recicláveis, bem como de tecnologias que reduzem o consumo de água e energia na produção têxtil.
Personalização por meio de tecnologia
A impressão 3D e outras tecnologias emergentes estão permitindo que marcas criem peças personalizadas em massa, adaptando os tecidos tecnológicos para atender a demandas específicas de cada consumidor.
Moda funcional
A procura por roupas que combinem estilo e funcionalidade está crescendo, levando ao desenvolvimento de tecidos que oferecem benefícios, como proteção UV, resistência ao vento e ao desgaste, sem comprometer o design.
Os tecidos tecnológicos representam uma das maiores inovações da moda contemporânea, oferecendo uma vasta gama de possibilidades para estilistas e marcas que desejam se destacar no mercado.
Ao explorar as funcionalidades e as aplicações desses materiais, é possível criar coleções que atendem às expectativas dos consumidores e se alinham com as tendências futuras.
Para conhecer mais sobre os tecidos tecnológicos disponíveis e como incorporá-los em suas criações, visite o Meu Pedido Adar. Lá, você vai encontrar uma seleção de tecidos que combinam inovação, qualidade e sustentabilidade. Confira!
Entrevista com Bruno de Aguiar Dalcheco, gerente de produto de moda masculina na Adar Tecidos
Como você enxerga a adoção de tecidos tecnológicos nas coleções masculinas? Quais são as principais demandas e os desafios de incorporar esses materiais?
Para responder a esta pergunta, creio que seja importante fazer um paralelo do comportamento de consumo do homem e da mulher no Brasil.
Costumo dizer que a mulher, ao contrário do homem, tende a comprar a roupa pela imagem. Paetês e brilhos, vestidos bordados, peças estampadas são exemplos de produtos consumidos pelas mulheres que não necessariamente priorizam conforto, qualidade ou funcionalidade, mas, sim, a estética — a imagem da peça final.
O conforto, para a mulher, estaria de certa forma em segundo/terceiro plano, e a qualidade do acabamento e/ou matéria-prima, lá embaixo na lista. Isso explica, por exemplo, a frequência de consumo da mulher ser mais alta que a do homem, afinal, a busca por tendência, por estar “atualizada”, com a “imagem correta” é prioridade.
No caso do homem, existe uma relação com a moda mais fiel. Ele vai sempre “play safe”, focando nos mesmos shapes e cores, na busca de manter a imagem tradicional, que não fuja dos padrões de costume.
O homem olha a etiqueta do produto que consome, o que significa que ele prioriza o conforto e, acima de tudo, quais benefícios aquela peça/tecido trará para o seu dia a dia.
Quando analiso os produtos da linha masculina da Adar, é fácil perceber que o homem se pauta muito pouco em tendência. As cartelas de cores, de forma geral, não costumam sofrer tantas alterações de uma temporada para outra. O mesmo vale para os shapes. Marcas idem: confiou? Fideliza.
Já há algum tempo que notamos um crescimento importante no consumo de matérias-primas tecnológicas, mesmo dentro de segmentos ultra tradicionais, como alfaiataria e camisaria.
O que mudou muito de 10 anos para cá é que a mulher não é mais a “compradora principal” do guarda-roupas do homem, mas o próprio se tornou independente e tem feito suas escolhas.
Essas escolhas têm foco numa roupa que já lhe é familiar, com a diferença de que agora, ela precisa somar benefícios/funcionalidades.
Hoje, o mercado de moda masculina é o que mais investe em inovação, já que o homem entende a matéria-prima como sua aliada.
Pós e durante a pandemia, esse comportamento de consumo se intensificou e, hoje, vemos marcas tradicionais investindo em tecidos tecnológicos.
Basta olhar para marcas como Aramis, que se modernizou inserindo matérias-primas inovadoras, mas mantendo aquele “lugar seguro” do visual “tradicional” do terno e das camisas de escritório.
Os maiores desafios para incorporar novos materiais no dia a dia do homem é fazê-lo entender que o tecido, apesar de “desconhecido” por ele, lhe trará muitos benefícios, como o conforto e todas as funções tecnológicas, sem perder sua “essência” imagética clássica.
A Brooksfield, por exemplo, é uma marca extremamente tradicional que vem investindo em tecidos mais modernos, com fibras que fogem do senso comum. Hoje, já é possível encontrar camisas clássicas produzidas com malha de poliamida com elastano (tecido que já tem virado febre em muitas marcas tradicionais de moda masculina), com proteção UV50+, ultra elásticas e até mesmo repelentes à água ou ternos de malha, com foco no conforto e praticidade.
Para tudo isso acontecer, é preciso certo investimento em comunicação, mas principalmente fazê-lo provar a peça. O famoso boca a boca funciona bem: “se meu amigo está usando, então eu posso confiar”.
Para ilustrar essa ideia, podemos olhar para a Urban Performance, marca também da Aramis que investe pesado em tecidos ultra tecnológicos e que tem alcançado um público relevante e fiel, que busca inovação, através, principalmente, do boca a boca.
Os consumidores masculinos têm mostrado maior interesse por roupas que combinam funcionalidade e estilo, como peças com tecidos inteligentes? Se sim, como o mercado pode se conectar a essa demanda?
O homem olha a etiqueta, ele avalia o tecido antes de comprar a roupa. Se a peça combina o visual costumeiro (clássico e/ou tradicional da marca) com tecnologia/funcionalidade, a marca acertou em cheio.
É urgente que empresas que ainda não olharam para essa questão, passem a olhar. Estudar o homem brasileiro, suas diversas facetas, seu dia a dia, são caminhos para entender o produto ideal.
Em sua experiência, quais tecidos tecnológicos têm se destacado nas coleções e como você vê o futuro da moda masculina em relação a inovações têxteis?
Tecidos construídos com fibras de poliamida são os mais inovadores até o momento, entretanto o poliéster tem evoluído muito a ponto de deixar o lugar da “fibra barata”, adicionando também benefícios para o dia a dia do homem.
Os tecidos sintéticos, para além de funcionalidades específicas, como repelência à água ou proteção UV50+, são naturalmente easy care (secam super-rápido, não precisa passar, etc) e duradouros.
Tenho uma gama de produtos na Adar, que chamo de “tecidos híbridos”. Podem, por exemplo, unir o conforto do algodão com a durabilidade e o easy care do poliéster e/ou da poliamida.
Misturar fibras na matéria-prima, hoje, não significa ter um produto mais barato, mas, sim, ter a soma de funções/benefícios.
O mercado de moda masculina é o mais inovador justamente porque temos muito espaço para explorar e criar novos tecidos, uma vez que nos pautamos em comportamento de consumo e não somente em tendência.
O tecido, para o homem, deve funcionar como uma extensão do seu corpo e, portanto, é preciso que corresponda às suas necessidades: prático, versátil, easy care, que proporcione todo tipo de proteção, que tenha qualidade e durabilidade.
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