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Capa alma e originalidade do estilista André Lima

Alma e originalidade: o universo criativo do estilista André Lima

Das terras paraenses, onde a riqueza das cores e a diversidade cultural são os alicerces da identidade, vem um talento único na moda: o estilista André Lima. Nascido em Belém em 1971, André encontrou na sua terra natal a inspiração para criar peças de roupas que transbordam alma e originalidade. Sua trajetória é um verdadeiro mergulho na essência amazônica, onde tradição e inovação se entrelaçam em um universo de criações surpreendentes.

A influência familiar moldou seu olhar para a moda feminina e despertou em André a paixão por criar roupas. Foi assim que ele deu os primeiros passos em direção ao seu destino como um dos mais renomados designers de moda brasileiros.

Neste artigo, você vai conhecer a moda de André Lima, sua história, suas referências, a nova coleção, além de poder conferir uma entrevista exclusiva que o estilista concedeu para o Blog de Adar

Quem é André Lima, estilista?

André Lima é um estilista brasileiro renomado, conhecido pela criatividade, originalidade e ousadia em suas criações. Nascido em Belém, mas vivendo em São Paulo desde 1992, André sempre mostrou interesse pela moda desde muito jovem, e sua paixão e seu talento fizeram com que se tornasse um dos mais conceituados designers do Brasil.

Do garoto de 6 anos, em Belém, que criou sua primeira moulage — técnica na qual o estilista vai moldando a roupa no corpo de um manequim com o uso de alfinetes —, passando pela presença em lojas da alta sociedade, como a extinta loja de luxo Daslu, em São Paulo, André chegou à principal semana de moda brasileira, o São Paulo Fashion Week (SPFW), em 2001. 

A mãe, professora de matemática e português, e a avó, que era costureira, foram as responsáveis por despertar em André o interesse pela moda feminina. A moda de André Lima é reconhecida pela mistura de estampas, pelo uso de cores vibrantes e pela exuberância. “É o maior traço da minha infância, coisas exuberantes. Preciso fazer algo que seja exuberante”, disse em uma entrevista, em 2011, poucos dias antes de apresentar uma nova coleção.

Um aspecto marcante do trabalho do estilista é a riqueza da natureza brasileira. Suas coleções frequentemente exploram as cores e as formas encontradas no Brasil, incorporando-as de maneira autêntica em suas criações. Ele valoriza as raízes nacionais e busca expressar a identidade e a exuberância do país em suas peças.

Suas coleções já foram apresentadas dentro e fora do país, fazendo dele um dos estilistas brasileiros mais reconhecidos e respeitados no cenário global.

  • Leia também: Como nascem as tendências de moda? 

Vida e carreira

André apresentou sua primeira coleção na década de 1990, no Mercado Mundo Mix, assim que chegou em São Paulo. Essa experiência abriu portas, e ele se tornou diretor criativo da Cavalera, marca de streetwear conhecida pela irreverência e personalidade.

Em 1999, foi convidado a apresentar uma coleção na Casa dos Criadores, evento destinado ao lançamento de novos estilistas. Logo chamou a atenção da mídia especializada com suas criações de vestidos coloridos e cheios de tramas inspirados na sua infância em Belém, quando colecionava restos de tecidos vendidos pelo pai, que era comerciante, e os utilizava para criar vestidos. 

foto de andré lima, estilista brasileiro, vestindo camiseta polo PB e calça preta.
André Lima, estilista paraense: “Preciso fazer algo que seja exuberante”. Foto: Reprodução/Instagram André Lima

Sua marca, que levava seu nome, foi extinta em 2014, depois de 15 anos no mercado. “Quero ir além da relação ideia, produto, mercado e comunicação apenas em propostas de vestir”, disse em entrevista ao Estado de S. Paulo, em 2014. 

Com o encerramento das atividades no seu ateliê, André se dedicou a outros projetos por oito anos. Trabalhou nos bastidores, como consultor em grandes marcas, como Hope e Iorane, capacitando equipes para desenvolvimento de coleções e dando consultoria, e também ministrou aulas durante um ano em Belém para designers de moda locais.

O retorno de André Lima

Mesmo com o fim do ateliê, o acervo do estilista continuava ali, com tecidos e demais matérias-primas de coleções antigas. Na pandemia de covid-19, foi quando ele percebeu que poderia continuar criando algumas peças, utilizando misturas de tecidos de temporadas completamente diferentes. “Tecido não tem idade, não tem gênero, não tem hora. Tecido é tecido”, afirmou em entrevista para a L’Officiel Brasil.

No fim de 2020, André quebrou o jejum criativo e retomou sua grife, mas desta vez com novas abordagens: mais inclusiva e sustentável. Foi assim que lançou a AL01, uma coleção-cápsula de roupas confeccionadas a partir de tecidos de coleções passadas. As peças tinham tamanho único, eram adaptáveis, a partir de pequenos ajustes, a vários corpos e podiam ser utilizadas de várias formas. 

No ano seguinte, em 2021, veio a AL02, com modelagens democráticas e reguláveis, mais uma vez com tecidos de estoque, tanto do seu acervo pessoal quanto da indústria. Depois, tivemos a AL03 e, já em parceria com a Adar, lançou suas coleções AL04 e AL05. 

Adar+André Lima

A parceria Adar+André Lima surgiu por admiração mútua. O estilista, que é um nome de peso do mercado de moda nacional, trouxe sua visão e sensibilidade, focando nas inúmeras possibilidades do acervo de tecidos Adar. 

Focando em qualidade, André não se limita a modismos e nem a definições pré-estabelecidas, optando por tecidos “masculinos” e “esportivos” para dar vida a peças extremamente femininas e contemporâneas.

Em um evento realizado no antiquário Passado Composto Século XX, em São Paulo, em novembro de 2023, imprensa e convidados puderam ver as criações do estilista, que utilizou tecidos de acervo e de coleção do Grupo Adar.

Uma seleção diversa, que abrange desde artigos esportivos, como o Techno Taslon Nylon e o Techno Taslon Suede, até os mais delicados, como a Renda 3D e as tricolines da camisaria clássica.

Com perfume anos 1980, coleção AL05 flerta com o universo do esporte

Para a coleção AL05, André Lima lançou seu olhar sobre o estoque de tecidos esportivos, principalmente o nylon, que o estilista diz lembrar o tafetá, funcionando como uma seda mais atual, que não amassa e você consegue levar na mala, é leve e tem uma aparência de chamois.

Shapes dos anos 1980 foram atualizados com recortes e estampas, destacando listras e quadriculados. Os ombros foram um capítulo à parte e mereceram a criação de uma ombreira que não existia no mercado. André usou como ponto de partida a estrutura de um macacão que pertencia a Rita Lee e que hoje faz parte do acervo da Casa Juisi. “Esta ombreira tem 16 cm de comprimento por 6 cm de altura, é algo volumoso e traz protagonismo à peça”, contou.

Sua cartela trouxe uma mistura de cores vibrantes e ‘sujas’, como ocre e marrom-canela, amarelo-canário e mostarda. “O amarelo foi uma cor bem explorada nesta coleção e traz uma sensação de calor, verão, bem Brasil”, disse o estilista ao FFW.

Defensor de uma moda inclusiva e atemporal, André foge do óbvio na escolha dos materiais e impressiona pela criatividade e beleza dos looks. Num exercício estético que une técnica e liberdade, os tecidos demonstram um leque de possibilidades em criações com perfume dos anos 1980.

Confira abaixo alguns dos looks da coleção!

quatro peças da coleção al05, do estilista andré lima em parceria com a adar
Coleção AL05, do estilista André Lima, “conversa” com o esporte e a camisaria tradicional.

Veja os highlights do evento de lançamento da AL05, uma collab entre o estilista André Lima e o Grupo Adar!

André Lima não se contenta apenas em criar roupas, ele busca incansavelmente uma moda com propósito. Em cada coleção, o estilista paraense apresenta uma abordagem inovadora e ousada, desafiando os padrões estabelecidos e propondo novas formas de expressão. A moda de André Lima é uma resposta concreta aos tempos atuais, refletindo preocupações sociais e ambientais. 

A parceria Adar+André Lima está em sua segunda edição e é parte do projeto Adar Coollab, no qual o grupo convida marcas e estilistas a criarem coleções com seus tecidos. Quer saber mais sobre a Adar Coollab em parceria com o estilista André Lima? Clique na imagem abaixo para conferir o bate-papo!

adar coollab, parceria do estitlista andré lima com adar

‘Designers de moda são os figurinistas da história’, diz André Lima

Quando você olha suas criações dos anos 2000 para o André Lima de agora, quais mudanças você considera que foram as mais importantes?

Designers de moda são os figurinistas da história. Quando vejo o meu trabalho em qualquer tempo passado, inclusive ontem, me pergunto se fiz tudo que era possível e necessário para traduzir em minhas peças aquele tempo, mas não costumo construir pontes para o nosso momento de hoje.

Todo o mecanismo da moda mudou desde a primeira metade do século. É outro mundo, muito mais rápido e responsável, onde toda criação deve nascer consciente e duradoura; e é assim que eu me vejo fazendo moda hoje.

O que tem sido mais gratificante para você no processo criativo com a utilização de tecidos de acervo pessoal e de acervo da indústria têxtil?

Comecei minha marca em meados dos anos 1990, no Mercado Mundo Mix, já trabalhando com retalhos da minha avó, que era costureira, e tecidos de estoque e restos de peças com defeito da Malharia Internacional. Depois, descobri os acervos dos anos 1960 e 1970 da Tecelagem Francesa e da Loja Hasson, ambas na Rua Augusta [em São Paulo].
Quando a marca cresceu e as quantidades tinham que ser maiores, comecei a desenvolver minhas próprias estampas. São quase 30 anos de marca, você imagina o meu acervo?

Eu tenho um prazer enorme em garimpar e coleciono tecidos. Para mim, eles não tem sexo ou idade.

Na Adar, eu encontrei algumas raridades e comecei transformando tricolines de camisaria masculina maravilhosas, uns xadrezes e maquinetados fio tinto incríveis em saias, blusas e vestidos.

Na segunda coleção juntos [AL05], mergulhei nos tecidos originalmente criados para esportes e trabalhei com o nylon em três gramaturas: um fininho empapelado com cara de jaqueta quebra vento que parece um tafetá supertecnológico, outro de gramatura média que tem duas superfícies distintas, uma peletizada e outra acetinada, e um terceiro que me lembra muito as bermudas de surfe dos anos 1980.

Entre as peças da coleção nova, AL05, existe alguma que é ainda mais especial para você? Algo que tocou mais o seu coração e te emociona? Se sim, fale um pouco sobre ela.

Com certeza, a Saia Luiza, feita no Techno Taslon Nylon e no Techno Taslon Nylon 4 com cabos em várias cores e comprimentos. Ela tem uma pala de 20 cm cortada em meio godê de onde sai um babado bem franzido. Essa peça é ao mesmo tempo nostálgica e tecnológica.

duas cores da saia luiza, da coleção al05 do estilista andré lima
Saia Luiza, a peça preferida de André na coleção AL05: “Ao mesmo tempo nostálgica e tecnológica”. Foto: Acervo pessoal

Como foi desenvolver a AL05? Como e por que surgiu a proposta sobre a moda esportiva e a camisaria clássica?

Sempre começo a pesquisa pelos tecidos, são eles que me dizem como a coleção vai ser. No processo de escolha, não levo em conta a finalidade para a qual cada tecido foi fabricado, e sim o efeito, o caimento que eu posso conseguir com eles. Esportivo ou masculino, para mim, são apenas nomes, o que me importa é a qualidade da matéria-prima e poder descobrir tudo que eu posso fazer com ela.

Na sua visão, como o consumo de moda mudou desde o seu início de carreira, na década de 1990?

Hoje, compramos roupas com mais responsabilidade, buscando peças versáteis e atemporais, cujo design ou look traduza nosso estilo e momento.

Foto de capa: Acervo pessoal

O Grupo, composto pelas empresas Adar, Artec e Texliving, atua em diferentes segmentos do mercado têxtil sendo hoje um dos maiores e mais completos do Brasil. Cada marca possui as características necessárias para atender cada mercado de forma personalizada. Juntos, o grupo oferece produtos de alta qualidade, importados e nacionais, que atendem tanto o mercado da moda, quanto o da decoração.

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